É difícil suportar a
vida num país onde o que prolifera é a injustiça, a corrupção, os conchavos e a
acima de tudo a falta de segurança.
No Brasil quase nada
funciona. Quando o governo proporciona alguma
facilidade para o trabalhador adquirir o tão sonhado imóvel por exemplo; dependendo
da cidade onde ele estiver, é quase certo que a pessoa “sorteada” receberá consigo, além das chaves, e um boleto para
pagar as prestações (já que não é de graça) um “presente de grego”vem junto.
Explicaremos: pessoas
que conseguiram adquirir, com muito custo, gastando as economias de uma vida
para conseguir a casa própria na região do Campo Grande no Rio de Janeiro,
estão, desde 2010 vivendo um pesadelo diário (perseguição da milícia com
cobranças e abusos – esse é o presente de grego que vem junto com as chaves).
Em 2015 tive o
privilégio de “conhecer” um herói! O uso
das aspas anteriormente é para explicar que não o conheço pessoalmente – apenas
por ligações telefônicas, mensagens whatSapp, noticiários na internet, jornais
e telejornais; infelizmente, sempre notícias ruins relacionadas a ele.
No entanto, na história
que passo a contar existe um outro herói; o primeiro, que já disse “conhecer” chamarei de Sr. R por medida de segurança sua e da
família; já o outro posso, abertamente, mencionar nome e ofício. Trata-se do Padre
Polonês Pedro Stepien responsável por uma paróquia no Gama, região
metropolitana do Distrito Federal de nome Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Essas pessoas, apesar de
não conhecê-las, acredito ser pessoas espetaculares, além de corajosas são dois
seres humanos dignos de aplauso. O Sr. R por não abaixar a cabeça diante do imenso problema que lhe
afeta. Sem casa, morando aqui e acolá de
favor, se escondendo da milícia carioca ele e sua família vivem com a incerteza
do amanhã, são fugitivos de um sistema que não pune criminosos, mas sim quem os
infrenta – mesmo sabendo que sua vida seria essa teve coragem para denunciar um
grupo denominado “liga da justiça” que atua no Rio de Janeiro estorquindo
moradores do programa Minha Casa minha vida.
Com a desculpa de dar segurança
(certamente a segurança é contra eles mesmos – uma vez que não pagando, sofrerão as consequências) essas
pessoas tiram grande parte do orçamento dos moradores além de os obrigarem a
adquirir produtos e serviços de origem duvidosa (gaz, “gatonet”*, taxas extras
de condomínio, etc)
Hoje, sem poder colocar
as filhas na escola, sem poder dar a elas um quarto de menina, com brinquedos e
mobílias adequadas, sem poder, sequer, dizer a elas onde estarão no dia de
amanhã o Sr. R segue firme e forte
na luta – por muito menos algumas pessoas já teriam se matado ou, literalmente,
“jogado a toalha” deixando o assunto
de lado. Mas ele é um “Super Pai”,
quer ver sua família novamente sob um teto, um lugar para chamar de seu e criar
raízes.
Ele é alguém que não dá
o “braço a torcer”, que não se prostra
diante dos problemas. Já buscou ajuda em todos os cantos desse país. Com Políticos ainda titulares de mandato,
participou de reuniões e conferências sobre o assunto, foi atrás de
Governadores, Ministério da Justiça, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas, Juristas e implorou por um Advogado
que olhasse por sua causa mas ninguém se manifestou favorável.
Do mesmo lado da
história, com papéis distintos, encontra-se o Padre Pedro Stepien. O Sr. R e muitas outras famílias
encontrou nele um refúgio. O padre agarrou a causa para si, coisa que nenhum
outro brasileiro fez apesar dos pedidos de ajuda (e foram muitos). Ninguém quis correr riscos, todavia o Padre
Polonês Pedro não se acanhou com o imenso perigo que estaria correndo e ajudou
e segue ajudando essas pessoas, hoje sem teto.
Fornece-lhes abrigo e
os direciona. Participa com eles de
reuniões, busca soluções junto a órgãos públicos, isso e muito mais que fez e faz
pelas famílias rendeu-lhe apenas ameaças, vindas, certamente, da milícia que é
a parte incomodada.
Uma notícia recente do
G1 DF (por Raquel Morais) dá-nos conta de tudo isso que ele vem sofrendo via mensagens
de celular.
É aterrador saber que se
vive num país onde prolifera a insegurança. Já não basta termos que pagar por
tudo e com altos impostos? Se pagamos por
tudo, seria justo pagarmos mais para assegurar nossas vidas, nossos lares e nossas
famílias?
O pior é saber que
essas pessoas que exigem dinheiro para “garantir”
segurança são, a maioria das vezes, o próprio corpo da segurança pública do
Estado.
Alguém poderia explicar
em que mundo vivemos? Que moral esses “marginais”
tem de representar a segurança do Estado se em suas horas vagas ameaçam para “segurar”
e assegurar mais ganhos?
Vergonhoso fazer parte
de uma nação onde o governo permite isso e ainda, não raras vezes, participa do
esquema mesmo que seja “fechando os olhos”,
nada fazendo.
Para saber mais do
assunto envolvendo essas famílias fugitivas do Campo Grande no RJ, leia os
seguintes artigos publicados, por mim no JusBrasil, em 2015:
http://lanyy.jusbrasil.com.br/artigos/185401985/um-pedido-de-socorro-que-deveriamos-ouvir
Por Elane F. de Souza (Advogada e Autora deste blog)
Por Elane F. de Souza (Advogada e Autora deste blog)
Vídeo do SBT
*Gatonet = "gato" de internet, ou seja, gambiarra ou ligação clandestina de sinal
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